1 – O Bairro de Vila Mariana (História)

A origem do nome do Bairro de Vila Mariana, possui segundo dados históricos duas versões, diz a primeira versão que o Bairro de Vila Mariana, surgiu da junção dos nomes de Maria e Anna, junção esta feita pelo Coronel da antiga Guarda Nacional CARLOS EDUARDO DE PAULA PETIT, no entanto a segunda versão remota da mesma época e diz respeito ao engenheiro que foi responsável pela construção de uma estrada de ferro nesta região, e este engenheiro em homenagem a sua esposa Mariana Mato Grosso, dera o nome do Bairro de Vila Mariana.

Nos idos do ano de 1782, o governador da província Francisco da Cunha Menezes, concede uma sesmaria a Lázaro Rodrigues Piques, sesmaria essa localizada entre o ribeirão do Ipiranga e a antiga estrada do Cursino, que futuramente abrangeria o nome do futuro bairro de Vila Mariana.

Alberto Kuhlman proprietário da companhia de Carris de Ferro, construiu entre os anos de 1883 e 1886 , a estrada de ferro que partia do Bairro da Liberdade e se estendia até o bairro de Santo Amaro, que percorria um trecho denominado na época de estrada dos Fagundes, essa ferrovia foi inaugurada no ano de 1886, sobre o antigo caminho do carro para Santo Amaro.

Na atual Cinemateca Brasileira, existente no Bairro de Vila Mariana, funcionava antigamente no ano de 1887, o antigo Matadouro Municipal do Bairro de Vila Mariana, o gado oriundo do interior do estado, ficava nas pastagens existentes na época do atual parque do Ibirapuera, e do parque eram deslocados para o antigo Matadouro da Vila Mariana, atual cinemateca Brasileira, na região da Rua Sena Madureira e atual Instituto Biológico, construído no ano de 1945, cujo principal objetivo da sua construção foi para combater uma praga que infestava os cafezais de São Paulo.

O bairro de Vila Mariana, ocupa uma região nobre da cidade de São Paulo, com espaços dedicados a cultura, saúde, esportes, pesquisas, com várias faculdades, exemplo Unifesp, museu Lasar Segall e uma grande área de lazer e esportes dos paulistanos, o Parque do Ibirapuera.

2 – Bairro da Vila Mariana

Era apenas conhecido como o meio do caminho do carro e lá pelo ano de 1850, era designada por Cruz das Almas.

O caminho do carro já existia nos anos de 1770-1880. Muitas datas de terra desses anos falam de sítios, fazendo divisas com o caminho do carro para Santo Amaro. Uma delas de nome esquisito, fazia divisas justamente com o Morro Vermelho, Caminho do Carro, Córrego do Ipiranga e Chácara da Glória, tendo sua sede onde hoje se localiza o Tênis Clube, antiga chácara do oftalmologista Pinhatari.

Ali os escravos eram espancados até ficarem descadeirados. Senhores de negros para lá mandavam seus escravos, vadios, para terem corretivos, pagando para isso uma taxa ao dono dêsse sítio.

Começava esse caminho do carro, no largo da Pólvora, Liberdade, e depois de ter subido a atual Rua Vergueiro beirando o Morro Vermelho e passando pelo alto das ribanceiras do Vale do Anhangabaú, no Vale do Itororó, chegava no asseto da Rua Paraíso.

Dali para a frente percorria então a Rua Domingos de Morais até a Rua Luis Góis, onde dobrando à direita entrava no bairro de Mirandópolis. Lá na baixada havia um pequeno córrego e uma velha casa onde carreiros e tropeiros faziam pouso quando o sol já declinava. Esse local é atualmente conhecido como o final da Rua Urutuba, no distrito do Bosque da Saúde, ainda hoje há nesse local vestígios da antiga estrada do carro. O córrego foi canalizado e a velha casa demolida, porém ainda existe um pequeno trecho desse caminho que atravessando a Alamêda dos Guatás para logo adiante.

Seguindo para a frente ia se juntar com outro caminho lá no Pinhaíba (atual Jabaquara), atravessando os Campos de Congonhas (atual região do Aeroporto de Congonhas), chegando até a vila de Santo Amaro.

O caminho que se juntava a ele no Jabaquara vinha de São Bernardo, passando por Piraporinha (PUAPURINHO) e Curral Grande (Vila Conceição, depois Diadema e Taboão).

3 – Os caminhos da Vila Mariana

Colegio Arquidiocesano

Outro caminho de carros também usado pelos tropeiros e carros para chegar ao caminho do litoral dos Jesuítas e também par atingir o Curral Grande, Taboão, Santo Amaro e São Bernardo.

Saia ele também da estrada de carros de Santo Amaro, na altura da atual Rua Correia Dias, seguindo por ele ía-se até a São João Clímaco, e dali para o mar. Porém antes encontrava-se a estrada do Capitão Cursino e seguindo por esse caminho e atravessando o atual Jardim da Saúde e o bairro de Vila Morais era atingido o Arraial do Curral Grande, de onde saíam então caminhos para Santo Amaro e São Bernardo.

Esses caminhos, se assim poderiam chamar, eram veredas ladeadas de campos e nos lugares de terra melhor, cerrados e árvores grandes. A designação era caminhos, porém não passavam de picadas feitas no meio de matas e florestas.Eram trilhas de carros e de bêstas. Antigas passagens feitas pelos homens que tinham ido à procura de ouro e do bugre para escravizar.

COLEGIO ARQUIDIOCESANO ANO DE 1935

Com 3 ou 4 metros de largura, a conservação deles a eram feitas pelo sulco dos rodeiros dos carros e pelas patas dos bois, que por ali passavam de vez em quando, sinuosos porém era preciso desviar de árvores grandes, pântanos e águas. Não existiam pontes, os córregos eram transpostos a vau, nas suas cabeceiras de menos água, e rios grandes eram contornados e acompanhados no seu curso. Caminhos infindos, seguindo sempre à frente por subidas e descidas, mais ou menos num mesmo rumo.

“Um dêsses caminhos, foi por mim percorrido a cavalo quando menino, lá pelo ano de 1919, do Jabaquara até a Vila Conceição. Já nesse tempo não era mais usado pelos carros de bois, porém, por carroças de carvoeiros, estavam melhorados. Gastamos um dia inteiro para ida e volta.”

4 – Moradores antigos da Vila Mariana

Indícios de que já existiam moradores por aqueles lados dão-nos notícias as escrituras lavradas nessa época por Francisco Raposo – prêto fôrro – a Inácio Ferreira de Oliveira, conforme assento na Paróquia de Santo Amaro no ano de 1771.

Ditas terras eram o sítio Olhos d`àgua, localizadas dentro da Fazenda Ressaca, no hoje bairro da Água Funda, nas margens dos ribeirões Ipiranga e Tapera (nascentes dos atuais rios que dão nome ao bairro do Ipiranga, próximos ao atual Jardim Botânico e Jardim Zoologico de São Paulo).

Logicamente é de presumir-se que os caminhos da dita fazenda eram dois: um deles indo para Santo Amaro, passando pelo Taboão e outro para a cidade, subindo até a atual estrada do Cursino, para ali encontrar a estrada do Mar. Não constam que naqueles tempos eram usados outros. O chamado vale do Ribeirão do Ipiranga era alagadiço e na época das águas impraticáveis; quanto aos caminhos pelo espigão do Jabaquara, que se estende até onde hoje conhecemos pelo espigão da Avenida Paulista, só muito depois seriam abertos.

Essas mesmas terras da Fazenda da Ressaca, mas tarde passaram as mãos de um tal Lázaro Piques, que também as vendeu. Consta que Lázaro Piques era leiloeiro de escravos no Largo da Memória e morador do largo que adotou o nome e que hoje é a Praça das Bandeiras no Vale do Anhangabaú.

Viaduto do chá e teatro municipal de 1920

O que se procura esclarecer é que o sítio onde hoje se localiza o Bairro de Vila Mariana já naquela época era conhecido. Por ali passavam pela velha estrada não só viajantes que damandavam ao litoral paulista, como também já possuia moradores vizinhos que mais tarde viriam a se assentar ali.

De fato, os primeiros moradores do bairro de Vila Mariana, consta que vieram do Taboão (São Bernardo do Campo), mais ou menos no ano de 1820, e se estabeleceram num campo junto à estrada, hoje totalmente ocupado pela caixa de água do bairro, segundo o testemunho de imigrantes europeus aqui chegados no ano de 1878. Constam êles que encontraram no largo diversas casas e moradores antigos, muitos dos quais mestiços, ali nascidos e criados.

Segundo as mesmas narrativas o local era conhecido como “Rancho dos Tropeiros” e ali era parada de tropas de burros e cargueiros vindos de Sorocaba, Parnaíba e Itú, que pernoitavam para no dia seguinte rumar para São Bernardo e Santos. O local era um grande campo com cercado de paus para prender os animais, goiabeiras e pitangueiras também havia muitas, além de outras grandes árvores que faziam sombras aos viajantes e animais.

Ainda hoje lá está uma dessas árvores, no fundo de uma escola japonêsa – deveria ser tombada pela Prefeitura -; pois é um marco, e foi justamente ao redor dela que teve início um dos grandes bairros da Capital, que é Vila Mariana.

“ANO DE 1840″

Saindo da Liberdade, depois passando pelo Morro Vermelho e seguindo pelo espigão da atual Rua Domingos de Morais, se alcança o campo das Pitangueiras, como também era conhecido o Pouso, e dali para diante ja refeitos, seguiam em demanda para o Litoral. Também de Osasco e Pinheiros, depois de passar pelo sitio do Bibiano (BIBI), depois da encruzilhada de Santo Amaro e da Capelinha, margeando o campo dos Barretos, atual Ibirapuera e subindo o caminho, hoje denominada Rua França Pinto, também podia-se chegar ao Rancho da Vila Mariana para pernoitar. Passavam por ali não só viajantes e cargueiros, também negros vindos do litoral e destinados à lavoura do Interior. O escravo índio não dera certo. Ele não se acostumava ao trabalho. Preferia o mato, a caça e a pesca. Já havia nessa época muita lavoura no interior e eram necessário braços para o cultivo e o negro era nessa época o recurso a que recorriam os fazendeiros e sitiantes, o nosso bairro da Vila Mariana, cada vez mais progride, naturalmente e devagar, de acordo com a época.

O espigão do Jabaquara, atual Avenida Jabaquara, também começa a ser habitado e diversas famílias também já se instalaram naquelas paragens. Na Água Funda já estão abertas muitas trilhas em direção à cidade passando pelo Jabaquara e também novos caminhos para Santo Amaro, Piraporinha e São Bernardo. Já não é mais aquele mato fechado só com trilhas de bichos de cinquenta anos atrás.

Ali se instalaram os Marianos. Seus parentes os Fagundes, moram no Jabaquara. No Bosque da Saúde e Vila Gumercindo também os Fagundes e os Resendes. Os Vaz ali pelos lados da hoje Rua Estela (Paraiso) e baixada da Rubem Berta e Vila Clementino.

Eram estas na época as famílias mais conhecidas ou com maior numero de membros. Havia muitas outras que por serem menos faladas ou por não terem fixado no lugar, com o tempo tiveram seus nomes esquecidos.

Ao findar a Guerra do Paraguai, o Imperador faz doações de sítios aos soldados que voltaram do Paraguai, vitoriosos (Voluntários da Pátria) ou às famílias dos que lá ficaram. Muitos outros também foram aquinhoados então com terras nacionais naquelas paragens.

“ANO DE 1870″

A Europa, nessa época estava superlotada e pobre. Muitos Países eram obrigados a dispensar seus filhos por outras terras, procurando assim aliviar os que lá ficaram. Os mais corajosos e afeitos ao trabalho agrícola, se lançavam pelo mundo, procurando quase todos êles os países da América, na esperança de um dia poder alcançar oque em sua Pátria nunca poderiam conseguir. Ouviram sempre dizer que as novas terras eram muito boas, extensas e os que vieram antes dêles já estavam ricos. Geralmente os estrangeiros que aqui habitavam quando escreviam a seus parentes longíquos contavam suas esperanças e seu otimismo, nunca esquecendo de alardear, como é natural, muito mais do que a realidade. Vinham antes os homens deixando lá as mulheres, filhos ou pais para depois mandá-los buscar. Os que conseguiam ajuda dos governos locais, traziam toda a família e iam diretamente para as fazendas do interior, geralmente cuidar do cultivo do café. Os trabalhos na fazenda eram feitos pelo escravo negro, porém a campanha para a sua libertação já nessa época era grande. Os fazendeiros viam com preocupação já o fim próximo da escravidão.

O fim do braço negro nas fazendas seria a ruína. Já havia nessa época muita cultura do café no vale do Paraíba e em outras zonas da Província, principalmente nas chamadas terras roxas. É nessa altura que o Senador Vergueiro, um dos maiores fazendeiros e também um político influente junto ao Imperador, toma as primeiras medidas para a vinda ao Brasil de Imigrantes da Itália, da Alemanha e outros países europeus por conta do govêrno brasileiro.

Já habitavam São Paulo muitos estrangeiros, vindos às suas expensas. No Brás, na Moóca baixa, no Bom Retiro, no Bexiga. Geralmente estavam instalados muitos italianos. Em Santo Amaro, alemães. Também no Brás, muitos espanhóis. Em outros bairros, porém, em menor número, também havia muitos imigrantes.